25 fevereiro 2007

Delicadeza faz bem e os jatos gostam


Pois é, de novo a Adam Air no noticiário. O piloto da linha da Indonésia foi, digamos, um pouco brusco ao pousar o 737. Uma imagem e tanto.

Isso aconteceu uma vez aqui em Curitiba, no Aeroporto Internacional Afonso Pena. Naquela vez, um Embraer ERJ-145 da Rio-Sul foi tratado de maneira pouco gentil por seu piloto em termos de velocidade vertical de descida, e o jato se partiu em dois. A caixa-preta com simulação está aqui no Youtube. Se não me engano, um professor nosso pousou num avião igual no mesmo dia, no mesmo local. Faz pensar.

Eu mesmo cheguei em 2005 em Toronto na maior tranquilidade no velhusco 767 da Air Canada, e para minha surpresa, à noite o noticiário comentava sobre o assustador acidente com o Airbus da Air France no mesmo aeroporto. O A-340 saiu da pista e pegou fogo, poucas horas após o meu vôo chegar. Eu cheguei de manhã com um sol de rachar, mas de tardezinha caiu aquele típico "toró" de vinte minutos, que foi quando o jato europeu se acidentou. O irônico é que o dia em que toquei os pés pela primeira vez em Pearson International ficou para sempre registrado na história do aeroporto, ainda que não por minha causa, claro.

Milky Way


Comecei o post anterior dizendo "que beleza". Isso me lembrou de algo: o Milton Leite abandonou mesmo seu blog, que era bacana. Isso aconteceu tanbém com o Jota Júnior. No caso do Milton,
pelo que li, foi uma escaramuça com os gaúchos, que ofendiam bastante o dono do blog e o acusavam de ser parcial. Pelo que me lembro, os caras eram chatos mesmo. Esse lance de bairrismo é doentio mesmo, já sei de pelo menos um caso de gremista fanático que torceu pelo Internacional na final do Mundial. Claro que esse lance de rivalidade não pode ser exagerado, mas cá entre nós, será que eu ou o Valesi ou o Sassá torceríamos pelo Coxa na final do Mundial, porque afinal de contas, somos "curitibanos"? Ora, mame no cabeçudo.

Quanto ao Milton, eu gosto muito do cara como narrador. Deveria substituir tanto o Galvão como o Cléber o mais rápido possível. Mas que o cara é ranheta, ele é. Era o blogueiro que mais se esquentava com opiniões diferentes da sua. Deveria ter ser espelhado no Juca, que leva na esportiva todas as tirações de sarro de são-paulinos, já que futebol é diversão.

Miséria, miséria, em qualquer canto

Que beleza. Folha, via Azevedo.

Bolsa Miséria de Lula faz brasileiro fugir de trabalho formal para receber benefício

Por Fernando Canzian, na Folha deste domingo:
Por medo de perder benefícios sociais pagos pelo governo, ou na esperança de conquistá-los, trabalhadores rurais no Nordeste estão se recusando a aceitar empregos com a carteira de trabalho assinada.A recusa ocorre tanto entre beneficiários do Bolsa Família quanto entre os que querem entrar no programa. Também entre os que pretendem se aposentar mais cedo, pelo regime especial da Previdência -aos 55 anos no caso das mulheres e 60 anos no dos homens.

Em uma das maiores fazendas de café da Bahia, na Agribahia, a dificuldade em contratar mão-de-obra formal levou à substituição de 5.000 trabalhadores em safras passadas por colheitadeiras operadas por um único funcionário.Hoje, a empresa contrata apenas cerca de 900 pessoas para fazer a colheita em áreas de declive, onde as máquinas correm o risco de tombar.Mesmo assim, são necessárias iniciativas como anúncios em rádio e em carros de som em feiras para arregimentar gente disposta a ter a carteira assinada por três meses ou mais e ganhar, como base, um salário mínimo por mês.Próximo à Agribahia, na fazenda Campo Grande, o administrador André Araújo, 27, diz precisar de 150 pessoas para a colheita, mas que só consegue 40 com registro em carteira.O resultado é que o café acaba caindo de maduro do pé, com perda de qualidade. Por um café arábica "mole" que poderia valer R$ 300 a saca, a Campo Grande acaba recebendo R$ 200 pelo café "riado" catado depois no chão.

A agricultora Luciene Silva Almeida, 28, é uma das que fogem do registro em carteira. Ela trabalha ilegal na região de Brejões (281 km ao sul de Salvador), apesar da forte fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho, que vem multando fazendeiros que contratam pessoal sem carteira assinada.Mãe de dois filhos, Luciene quer pleitear o Bolsa Família e planeja se aposentar pelo regime especial da Previdência, aos 55 anos. Se ela for registrada, pode correr o risco de extrapolar os critérios que a tornam elegível ao Bolsa Família.Isso também a tiraria da condição de futura "segurada especial", tornando-a "assalariada rural". A aposentadoria "especial" é um benefício social, já que o trabalhador não contribuiu com a Previdência.

23 fevereiro 2007

O Jacaré do Barigüi

Para mim, esta é séria candidata a foto do ano. Segue a reportagem, da Gazeta de hoje.

Ataque a cão reabre debate sobre a presença de jacarés no Barigüi

Cerca de 15 pessoas ficaram chocadas ao ver o réptil matar um cachorro

“Em um único e rápido movimento, o jacaré abocanhou a cabeça do cachorro, jogando-o para um lado e para o outro com muita violência e engolindo-o por inteiro em segundos. A cena de horror e de sangue causou uma grande sensação de consternação em todos que estavam presentes. “Minhas filhas gritavam e choravam de horror, pedindo para que saíssemos dali imediatamente e nunca mais voltássemos.”

A descrição acima poderia estar na sinopse de um filme de terror. Mas o caso é verídico, ocorreu em Curitiba nesta semana, e num local público que, todas as semanas, é freqüentado por milhares de pessoas: o Parque Barigüi. O protagonista da cena também é bastante conhecido: o jacaré, ou melhor, um dos jacarés do parque.

Segundo o gerente Marcos Rodrigues Lopes, 37 anos, o episódio ocorreu na última terça-feira, por volta das 15 horas. Ele estava no local andando de bicicleta com as filhas Gabriela, de 8 anos, e Amanda, de 5 anos. Os três viram um grupo de cerca de 15 pessoas próximas ao lago menor do parque, que fica nas proximidades dos bares e restaurantes, e resolveram ir até lá. Encontraram o jacaré – com cerca de dois metros – totalmente imóvel, dentro da água. “Tiramos fotos, ficamos admirando o bicho e até imaginando se tratar de uma estátua. Foi quando um cachorro vira-lata passou por nós e entrou na água. O ataque do jacaré foi imediato”, conta Lopes.

O gerente resolveu relatar a cena que presenciou para “chamar a atenção dos curitibanos para o perigo de manter o animal no parque”. “Todo jacaré é selvagem e age por puro instinto. Assim como o pobre cachorrinho, ele irá devorar a primeira criança que inocentemente chegar perto dele. Nesse dia, haverá uma comoção nacional e o jacaré, símbolo do parque, vai se transformar no jacaré assassino do Barigüi.”

Lopes considera que não só as crianças correm risco, mas também pessoas que resolvam mexer com o bicho. Isso ocorre com freqüência, segundo Mônica Silva, que há seis anos trabalha no Bar do Pagode. “Geralmente, ele fica lá parado, tomando sol e não incomoda ninguém. O problema é quando aparecem pessoas que resolvem importuná-lo. Recentemente, um bêbado decidiu que ia pegar no rabo do jacaré. Para sorte do homem, quando ele chegou perto, o bicho correu para a água”, conta.

Dados imprecisos

A contagem oficial da prefeitura dá conta de que hoje vivem no Parque Barigüi três jacarés: dois da espécie papo-amarelo e um do pantanal. Várias pessoas relatam, entretanto, que já viram dois jacarés menores no local (espécie do pantanal). Portanto, há dúvidas quanto ao número correto de jacarés que vivem no parque.

Entre os três que estão na contagem oficial, o mais antigo é um jacaré-do-papo amarelo com idade estimada de 20 anos, que vive próximo às instalações da antiga olaria. O outro da mesma espécie, que mora na ilha ao lado do salão de atos, é um pouco mais jovem. Já o jacaré-do-pantanal estaria quase na fase adulta e ocupa o pequeno lago próximo a alguns bares do parque.

Os três jacarés, quando aparecem, são monitorados a distância. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente não têm certeza se são fêmeas ou machos. Tudo indica que o mais velho seja um macho. Quanto à procriação, o superintendente de Obras e Serviços da Secretaria de Meio Ambiente de Curitiba, Paulinho Dalmaz, diz que não há como se descartar por completo essa possibilidade. Mas, ele afirma que até hoje isso não ocorreu e a hipótese é remota, já que as baixas temperaturas impedem que os ovos vinguem. “Todos os jacarés foram abandonados lá por alguém”, diz.

Em relação à alimentação dos répteis, o superintendente disse que “eles se viram, pois há fartura de alimentos no parque”. É em função desta “fartura” – inclua-se aí peixes, aves e outros animais – que o superintendente descarta a hipótese de ataques a freqüentadores do parque. “São animais inofensivos”, resume.

02 fevereiro 2007

Seja você mesmo

Eu me lembro como ganhei o dia quando o Fabian disse que eu não precisava me preocupar com a dificuldade em cantar "Drown Me Slowly".

"Nem esquenta Eds, vc já viu o próprio Audioslave tocando ela ao vivo? O Cornell se esgoela inteiro, parece que vai morrer. Fica uma coisa tenebrosa".

Pois é, fui lá ver e realmente é de lascar: Drown Me Slowly - Live at Montreux

O Cornell faz discos lindos, mas tem que ser no estúdio, com doze takes e tal. Fui dar uma olhada na outra canção do Audioslave em que eu tenho que fazer vocal, no caso "Be Yourself". Na versão ao vivo do Youtube, dá pra ver que o Cornell velho de guerra fica até meio apreensivo antes de entrar com o vocal. E (YES!) ele nega fogo clamorosamente na parte lenta quase a capella quando inicia o último refrão, após o intermezzo pós-solo.