22 outubro 2006

O horroroso Cony



Toda semana eu mentalizo uma postagem detonando a figura ridícula de Carlos Heitor Cony. Uma catarse pessoal, um desabafo para a posteridade. É para isso que serve um "web log", não?

Na solidão em meu carro, correndo pela cidade, às vezes sou exposto pela Rádio CBN ao pavoroso "Liberdade de Expressão", onde dois velhos afeminados falam idiotices sobre assuntos aleatórios. Disfarçam mal seu cubanismo-petista. Vomitam seus preconceitos, mal digeridos após a queda do muro em 1989.

Meus problemas acabaram. O Reinaldo Azevedo fez o melhor artigo já escrito sobre Cony. Vou até buscar mais um pacotinho de amendoim, para reler este texto em grande estilo.

Cony precisa voltar a ser cronista de pet shop

Muitos leitores se perguntam por que Lula está sendo reeleito, mesmo com toda a óbvia roubalheira havida nestes quatro anos. É claro que há razões de ordem econômica — ou paraeconômica. Lula transformou o assistencialismo em máquina eleitoreira. Mas não é só isso. Conta também com prosélitos na classe média, os chamados intelectuais. Dois artigos na Folha de hoje dão conta da delinqüência intelectual que toma conta do debate. Um deles é de Carlos Heitor Cony, de que falo primeiro.

Escreve o homem na página 2: “A questão das privatizações voltou ao debate político, trazida pelo PT, que encontrou em seu adversário eleitoral, o candidato Geraldo Alckmin, um único pecado realmente grave: é do PSDB, partido que no governo desastrado de FHC privatizou empresas e só não vendeu o Pão de Açúcar porque não encontrou comprador. Em principio, não sou contra as privatizações, algumas delas eram necessárias e trouxeram benefícios à economia nacional. Contudo, o processo que presidiu as privatizações foi um escândalo dos maiores de nossa história. Os intermediários, corretores, conselheiros e economistas ganharam fortunas vendendo na bacia da almas alguns nacos do patrimônio nacional.”

Cony tinha uma cadela sobre a qual costumava escrever textos líricos. Infelizmente, a bichinha morreu. Fazendo crônicas para agradar velhinhas de pet shop, ele era bem mais divertido. Chato é que lhe dêem um espaço nobre no jornal — a nobreza possível hoje em dia — para exercer a sua ignorância ligeira. O gracejo sobre o Pão de Açúcar é uma pilantragem intelectual. Isso é que ganhar dinheiro fácil (arte em que Cony é mestre) com imagem vagabunda!

Ah, mas ele não quer parecer um velhinho atrasado! Isso nunca! Não é contra as privatizações — “em princípio”, é claro. Segundo diz, “algumas” (não fala quais) eram necessárias, mas depois fala de escândalos e da venda do patrimônio público “na bacia das almas”. É mentira que as estatais brasileiras tenham sido vendidas a preço baixo. As empresas do sistema Telebrás valiam em bolsa, algum tempo depois, muito menos do que o valor pelo qual foram privatizadas. Ignora-se que, à esteira da privatização, houve investimentos de mais de R$ 100 bilhões, o que não teria acontecido se fossem estatais.

Mas é daí? A especialidade de Cony é fazer prosopopéia sobre cadelinhas. Só escreve sobre privatizações quando está sem assunto e ninguém fez xixi no tapete. Depois Cony se mete a falar de forma desastrada sobre o tamanho da dívida pública, confundindo tudo, com se a venda das estatais é que tivesse sido responsável pelo seu aumento. O raciocínio idiota, dele e de outros que pensam como ele, consiste em supor que o único objetivo da privatização era pagar a dívida. Esse era um efeito secundário. Precisávamos das privatizações para ter investimento. Acho que Cony não adotou nenhuma cadela nova. Cabeça desocupada é a morada do capeta.

Outra coisa: indecente é receber a indenização mensal que ele recebe — próxima de R$ 20 mil, se é que já não foi corrigida — por ter sido uma suposta vítima da ditadura. E não foi só, não, leitor amigo: ele levou ainda R$ 1,5 milhão numa bolada só. Por quê? Ah, porque sua carreira de jornalista teria sido interrompida pelo golpe militar. O jornal em que ele trabalhava não existe mais. Ele foi premiado como se, sem o movimento militar, pudesse ter atingido o topo da carreira: diretor de redação, suponho — duvido que os herdeiros do dono do jornal estejam tão ricos quanto ele. Ah, coitadinho! Cony foi demitido e ficou na rua da amargura, é isso? Que nada! Virou homem forte de Adolfo Bloch, no grupo Manchete, então muito forte, e jamais teve problema para comprar papa fina para suas cadelas. Escrevia crônicas lindas sobre o mármore rosa de sua sala...

referindo-se a casos como o seu, o ministro Gilmar Mendes, do STF, observou que se trata de uma "verdadeira distorção ou patologia, que muito se aproxima de um estelionato". É o que eu também acho. Cony deveria doar a dinheirama do “patrimônio público” aos desdentados e voltar a enganar velhinhas de pet shop com texto sobre cadelinhas amorosas.

Ah, sim: os que não gostarem deste texto tenham a bondade de enviar e-mails de solidariedade pra ele em vez de e-mails de protesto pra mim.